Cartas de Jung enviada ao Reverendo S.C.V. Bownam em 10/12/1953.
Dear Sir,
O seu problema do liberum arbitrium [livre arbítrio] tem obviamente vários aspectos, que eu não saberia como abordar nos limites de uma carta. Só posso dizer que, até onde a consciência chega, a vontade é entendida como sendo livre, isto é, que o sentimento de liberdade acompanha nossas decisões, não importando se elas são realmente livres ou não. Esta última questão não pode ser decidida empiricamente. Onde a pessoa não está consciente aí obviamente não pode haver liberdade. Através da análise do inconsciente amplia-se o horizonte da consciência a cresce automaticamente o grau de liberdade. Uma consciência plena significaria uma liberdade e responsabilidade igualmente plenas. Se os conteúdos inconscientes que se aproximam da esfera da consciência não foram analisados e integrados, então a esfera da liberdade fica diminuída pelo fato de tais conteúdos serem ativados e ganharem mais influência compulsiva sobre a consciência do que se fossem totalmente inconscientes. Não creio que haja maiores dificuldades nesta linha de abordagem. Parece-me que a verdadeira dificuldade começa com o problema de como lidar com os conteúdos integrados, que antes eram inconscientes. Isto, porém, não pode ser tratado numa carta.
Esperando vê-lo na primavera, sou
Yours sincerely,
(C.G. Jung)
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