É como se você descobrisse, depois de uma longa noite de peregrinação, que em algum lugar de você há uma outra forma de viver. Uma outra forma de ver e sentir o mundo; com outras imagens e outros afetos. Nasce uma nova forma de ser, que vinha sendo gestada no escuro desde sempre. Um novo ser que já nasce pronto. Quando finalmente nasce, parece que nos tornamos quem realmente somos. Como se sempre tivéssemos sido este ser que nos tornamos. Este mesmo ser que sempre estivemos destinados a ser. O ser que é nossa origem e sempre será nosso destino
domingo, 24 de setembro de 2017
A pedra que os construtores rejeitaram
"A pedra que os construtores rejeitaram, tornou-se pedra angular".
Essa pedra rejeitada é aquele brilho que a criança perdeu quando precisou virar adulto. Essa pedra angular é aquela que faz o adulto voltar a ser como criança quando a firma como fundamento de sua própria edificação. Há uma força de vida que traz novo brilho ao mundo naquilo que é considerado inadequado. Essa semente da nova vida é o próprio segredo guardado pela vergonha. A porta de entrada para a vida se chama morte.
"Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?"
O maior dos prestígios não pesa uma única grama da verdade! É preciso abandoar aquilo que a moralidade fez de nós pra que nos encontremos com quem realmente somos. Essa visão de mundo, que nos abraça como se fosse nossa, faz com que rejeitemos essa pedra! Nos faz acreditar se tratar de algo que deva ser eliminado; e, assim, nos aliena da nossa mais sublime força de vida. Mas é preciso se perder para poder se encontrar. Devemos ser gratos à ilusão que precisamos abandonar! Ela é a condição da verdadeira liberdade.
Somente com rebeldia podemos ser no mundo. Quem realmente somos é uma força revolucionária que anseia por transformar a realidade; solve et coagula sempre ao infinito, ao centro eternamente perto e distante! Maravilhosa é essa pedra rejeitada! A mais valiosa de todas as pedras; alegria da criança em viver livre na verdade. Escondida dos sábios e prudentes, mas revelada aos simples e pequenos!
Viver é como...
Viver é como estar em um corredor com infinitas portas, onde precisamos encontrar a árvore da verdade. Atrás de cada porta tem uma paisagem perfeita, uma visão de mundo pronta e acabada. Em qualquer uma delas há uma pequena semente da mesma árvore que procuramos. Conforme andamos por este corredor, uma dessas portas nos intriga. Deve estar ali a verdade que tanto procuramos! A ânsia é tanta que quando nos damos conta, já estamos do outro lado, satisfeitos em procurar aquela sementinha. Sem demora a encontramos, e quando finalmente a possuímos, dormimos uma eternidade. Só se acorda quando se sonha com a árvore da verdade; quando ela pede novamente que seja encontrada. Mas é sempre um despertar penoso. O sono nos puxa de volta em seus braços. Quando finalmente conseguimos acordar, nos vemos no vazio do corredor. - Onde está a verdade? Novamente nos perguntamos. E seguimos andando através desse vazio. Até outra porta aparecer reluzente e sermos sugestionados, quase hipnotizados, a possuir aquela pequena semente que, certamente, estará do outro lado. Mas novamente quando a possuímos, caímos no sono. E isso se repete... Ser livre é andar no vazio desse mesmo corredor em que sempre estivemos; abrindo todas as portas, contemplando todas as paisagens, mas sem entrar em nenhuma em particular. Talvez, quando finalmente vivermos isso em cada parte de nossos corpos, despertaremos desse sonho, sob uma árvore chamada verdade.
sexta-feira, 11 de agosto de 2017
A escuta e o autoconhecimento
Saber escutar é sempre um exercício de humildade. Só é possível encher um recipiente que esteja vazio. É esvaziar-se de nossos pressupostos para que a verdade do outro possa nos revelar, ao mesmo tempo, quem ele é e quem nós somos. Como se precisássemos tirar a roupa para sentir o toque e percebermos, não somente a pele do outro, mas nossa própria pele. Não existe autoconhecimento sem o outro. Sem ele, só há uma visão fechada em si mesma; que se pretende reveladora, enquanto nos oculta de nós mesmos.
sábado, 5 de agosto de 2017
Sobre o respeito
Percebe que só é possível aprender pela vivência? Você precisa abandonar suas suposições pra poder ver a verdade. O respeito não é nada disso do que dizem, mas agora você sabe. Respeitar é aceitar a verdade do outro com gentileza enquanto oferece a sua verdade com generosidade. É uma dança eterna entre dois; o mais belo fluir da vida. É estar com o outro na verdade e pela verdade. É onde os dois podem descobrir que são muito mais do que supunham de si próprios. Que suas raízes mergulham no infinito. No respeito descobrimos a nós mesmos porque descobrimos o outro. Aí é onde Deus está presente.
A mulher sagrada
Para se curar é preciso estar sem roupa. Foi somente quando você se despiu que ela, generosamente, viu em seus olhos o seu mais profundo segredo. Olhou no fundo do seu abismo e lá descobriu você despedaçado. Essa mulher sagrada viu essa dor que não é sua, mas que te acompanha há muito tempo e está sempre próxima a você. Ela te fez ver que você não é essa dor. Que você não precisa estar nela. Isso é uma escolha que você faz a cada instante e, que a cada novo instante pode escolher o contrário. Essa dor, que não é sua, se mistura em sua vida formando a sua própria dor. Por isso é uma dor que, ao mesmo tempo em que não é sua, é também sua mais íntima dor. É uma dor que está aí porque você precisa dela. Porque é ela que te faz ter consciência da profunda interdependência que existe entre você e o outro; graças ao qual você pode ser inteiro no outro. É preciso encontrar um caminho para que essa dor - que não é sua, ao mesmo tempo em que é - não te despedace; e essa mulher conhece esse caminho. O corpo dela é o rio que quer te levar pro mar; mas você deve se soltar para permitir que ela te leve. O que pra você é um grande mistério, para ela é a simplicidade clara de quem ela é. Essa mulher é a sabedoria que eternamente junta seus pedaços. A estrela que te guia através da escuridão no sentido da luz. É a mais sagrada das mulheres; que sabe de tudo o que você precisa; e como uma fonte, traz tudo isso até você. Te convida sempre e de novo a uma dança circular - um ciclo eterno de cura, em que a cada volta junta em você um novo pedaço seu que antes estava separado. Que vai te tornando cada vez mais íntegro, até o infinito. Você só é inteiro em união com ela - escutando com atenção e deixando ser levado por sua sabedoria eterna.
quinta-feira, 22 de junho de 2017
Crise da meia idade - James Hollis
Texto retirado do livro "A passagem do meio" de James Hollis
Quase toda sensação de crise na meia-idade é provocada pela dor dessa separação. A disparidade entre a concepção interior do eu e a personalidade adquirida torna-se tão grande que o sofrimento não mais pode ser reprimido ou compensado. Ocorre então o que os psicólogos chamam de descompensação. A pessoa continua a atuar a partir de antigas atitudes e estratégias, mas estas já não são eficazes. Os sintomas de aflição da meia-idade devem ser bem recebidos, pois representam não apenas um eu instintivamente firmado debaixo da personalidade adquirida, mas também uma poderosa imposição de renovação.
O trânsito da passagem do meio ocorre no temível choque entre a personalidade adquirida [principalmente na infância] e as exigências do Si-mesmo. Uma pessoa que passa por essa experiência frequentemente entrará em pânico e dirá: "Não sei mais quem sou". Com efeito, a pessoa que o indivíduo foi está para ser substituída pela pessoa que será. A primeira deve morrer. Não é de causar surpresa que exista essa enorme ansiedade. O indivíduo é intimado, psicologicamente, a morrer para o velho eu para que o novo possa nascer.
Essa morte e renascimento não é um fim em si mesmo; é uma transição. É preciso passar pela passagem do meio para nos aproximarmos mais do nosso potencial e conquistarmos a vitalidade e a sabedoria do envelhecimento maduro. Por conseguinte, a passagem do meio representa uma intimação interior para que deixemos a vida provisória e avancemos em direção à verdadeira idade adulta, do falso eu para a autenticidade. [...]
[...] a passagem do meio começa com uma espécie de pressão tectônica que vem de baixo para cima. Como as placas da terra que se deslocam, roçam umas nas outras e acumulam a pressão que é expelida sob a forma de terremotos, assim colidem os planos da personalidade. A noção adquirida do eu, com suas percepções e complexos agregados, sua defesa da criança interior, começa a ranger e ringir contra o Si-mesmo, que busca a própria realização.
Essas ondulações sísmicas podem ser dissolvidas através da consciência do ego defensiva, mas a pressão continua a crescer. Invariavelmente, muito antes de a pessoa tornar-se consciente de uma crise os indícios e os sintomas já estão presentes [...]. A partir do ponto de vista terapêutico, os sintomas devem ser bem recebidos, pois eles não apenas servem de flechas que apontam para a ferida, como também exibem uma psique saudável e auto-reguladora em funcionamento.
Jung observou que uma neurose "precisa em última análise ser compreendida como o sofrimento de uma alma que não descobriu seu significado". Essa declaração não sugere que possamos consumar uma via sem sofrimento, e sim que o sofrimento já está sobre nós e somos portanto obrigados a descobrir o seu significado.
Quem conhece Deus pessoalmente - Luís Paulo B. Lopes
Texto de Luís Paulo B. Lopes
Abençoado é aquele que conhece Deus pessoalmente. Que persevera com paciência enquanto atravessa a mais escura das noites. Pode a força lhe faltar e cair de joelhos; pode a esperança lhe abandonar e pensar que não há qualquer luz que o guie na escuridão. Pode se ver completamente só, no desamparo absoluto; perdido para sempre num labirinto sem fim. Pode entrar em desespero e se agarrar, em vão, a ilusões caducas, para logo vê-las escorrer entre os dedos. Pode se debater na lama, mortificado; abandonado pela fé. Mas esse que conhece Deus pessoalmente consegue encontrar, apalpando no escuro, aquilo que transforma a dor e o desespero em gratidão e amor. Pois se aconchega dentro do Coração do Pai Eterno, onde encontra consolo para tudo. Essa Pedra rubra transforma toda culpa em contrição; ódio em perdão; desapontamento em compreensão; reprovação em compaixão; humilhação em solidez. Todo peso se dissipa e a liberdade aflora de mãos dadas com a alegria. Vontade incontrolável de cantar pra Deus! A dor e o sofrimento são transformados num amor puríssimo e cristalino, e o coração transborda em gratidão! Coisa mais linda não há! Esse que conhece Deus pessoalmente não precisa acreditar, pois vive Nele; nesse Ser que está além de qualquer crença. Quem conhece Ele não precisa ser religioso; mas pode pertencer a qualquer religião. É verdade que todos acabam se esquecendo Dele pra se enrolar novamente na ilusão. Por algum motivo não é possível viver Nele o tempo inteiro. Mas esse que O conhece pessoalmente sempre acaba voltando ao aconchego do Lar, pois sabe escutar Seu chamado e conhece o caminho até Ele, através do próprio coração. É um afortunado que terá sempre uma Estrela pra lhe guiar; basta lembrar-se de olhar pro céu! Ela estará sempre lá por ele, indicando o caminho. É essa a Estrela que transforma fé em confiança, e confiança em otimismo diante da vida e da morte. Não é preciso acreditar em nada disso, pois há uma porta em cada coração, que leva direto ao Coração do Pai Eterno; basta abri-la e estar Nele. Por acaso tem como não chorar de gratidão por uma maravilha dessas?
Sobre o sacrifício: persona, sombra e Self - Luís Paulo B. Lopes
Texto de Luís Paulo B. Lopes
É como se tivéssemos que sacrificar os ideais mais elevados do homem civilizado, aos quais julgamo-nos eméritos representantes; aquelas virtudes coletivas que pensamos não somente possuir, mas que chegamos a confundir-nos com elas. Concordo com Jung quando afirma que a identificação com a persona é sempre um ato egoísta que tenta tirar alguma vantagem; já que através dela recebemos admiração, segurança, um lugar de valor no mundo. Com isso, ingressamos no paraíso da inconsciência; no alto de um platô sobre nuvens, onde não é possível ver o que há mais abaixo. Tentamos espremer o mundo para que caiba dentro de nossa própria cosmovisão e, assim, projetamos uma imagem do mundo como se este fosse imutável e previsível; ao mesmo tempo, supomos haver descoberto e encarnado o significado último de ser um homem civilizado. Protegidos da insegurança que anda de mãos dadas à eterna impermanência do fluir da vida através do tempo, evitamos cautelosamente a amarga consciência de estarmos perdidos em território misterioso e inexplorado. Livres dos conflitos morais que emergiriam implacáveis caso tivéssemos consciência de que o mal que combatemos no outro é o mal de nosso tempo, do qual estamos imersos até o pescoço. Acreditando cegamente que somos aceitos por inteiro, mesmo quando oferecemos ao mundo nossa face bela e ocultamos a terrível, e assim alienamo-nos da inexorável solidão inerente à condição humana e do abandono irrevogável que nos marca a todos no instante em que nascemos. Em suma, nos protegemos de quem realmente somos ao confundirmo-nos com o tributo que devemos pagar ao coletivo; perdemo-nos de nós mesmos num regozijo paradisíaco ao acreditarmos ser unicamente aquilo que o mundo espera que sejamos. Pois é este paraíso que devemos sacrificar a fim de nos encontrarmos com nós mesmos em nossa dolorosa ambiguidade; é como abrir os braços à dor que nos sustenta, mas da qual fugimos assustados sempre que espreita - a dor de ser. Embora experimentemos este sacrifício como autoimolação, fundamentalmente não se trata de negar a si próprio, mas de negar a sedução paradisíaca de ser inteiramente definido pelo mundo. Eis o paradoxo: ao oferecermo-nos em sacrifício, damos vida a quem somos.
É como se tivéssemos que sacrificar os ideais mais elevados do homem civilizado, aos quais julgamo-nos eméritos representantes; aquelas virtudes coletivas que pensamos não somente possuir, mas que chegamos a confundir-nos com elas. Concordo com Jung quando afirma que a identificação com a persona é sempre um ato egoísta que tenta tirar alguma vantagem; já que através dela recebemos admiração, segurança, um lugar de valor no mundo. Com isso, ingressamos no paraíso da inconsciência; no alto de um platô sobre nuvens, onde não é possível ver o que há mais abaixo. Tentamos espremer o mundo para que caiba dentro de nossa própria cosmovisão e, assim, projetamos uma imagem do mundo como se este fosse imutável e previsível; ao mesmo tempo, supomos haver descoberto e encarnado o significado último de ser um homem civilizado. Protegidos da insegurança que anda de mãos dadas à eterna impermanência do fluir da vida através do tempo, evitamos cautelosamente a amarga consciência de estarmos perdidos em território misterioso e inexplorado. Livres dos conflitos morais que emergiriam implacáveis caso tivéssemos consciência de que o mal que combatemos no outro é o mal de nosso tempo, do qual estamos imersos até o pescoço. Acreditando cegamente que somos aceitos por inteiro, mesmo quando oferecemos ao mundo nossa face bela e ocultamos a terrível, e assim alienamo-nos da inexorável solidão inerente à condição humana e do abandono irrevogável que nos marca a todos no instante em que nascemos. Em suma, nos protegemos de quem realmente somos ao confundirmo-nos com o tributo que devemos pagar ao coletivo; perdemo-nos de nós mesmos num regozijo paradisíaco ao acreditarmos ser unicamente aquilo que o mundo espera que sejamos. Pois é este paraíso que devemos sacrificar a fim de nos encontrarmos com nós mesmos em nossa dolorosa ambiguidade; é como abrir os braços à dor que nos sustenta, mas da qual fugimos assustados sempre que espreita - a dor de ser. Embora experimentemos este sacrifício como autoimolação, fundamentalmente não se trata de negar a si próprio, mas de negar a sedução paradisíaca de ser inteiramente definido pelo mundo. Eis o paradoxo: ao oferecermo-nos em sacrifício, damos vida a quem somos.
Sobre a angústia: alteridade e o nascer da imagem - Luís Paulo B. Lopes
Texto de Luís Paulo B. Lopes
A angústia é algo que impede o nascimento de uma imagem que tenta vir à luz. Como se a imagem ficasse turva e imperceptível por uma mancha; que cresce na medida em que a imagem se aproxima. Surge quando uma imagem quer se formar mas não consegue; e quando ela finalmente se forma, a angústia desaparece. Tomar consciência da imagem oculta sob a angústia, portanto, envolve permitir seu nascimento, sentir o afeto que carrega, estar com ela e lidar com a responsabilidade ética que ela traz consigo. Permitir o nascimento da imagem depende da aceitação da angústia; de abrir mão da vontade de afastar o mal-estar, assumindo uma postura passiva e receptiva. É preciso abandonar as armas. O eu que aceita torna-se então a terra fértil que pode receber a semente imagética e, o estar com ela é o mesmo que permitir que cresça até se transformar em uma nova atitude que leve em conta o outro rejeitado. Partindo da rejeição, passa pelo suportar, pelo tolerar, até que finalmente nasça uma atitude fraterna. Da ética da exclusão para uma ética da fraternidade imagética. Nesse caminho, transforma-se não somente a imagem e seu afeto, mas também o eu se fortalece através do ganho de flexibilidade. Ampliar a consciência não se refere somente a jogar luz na escuridão, isto é somente uma consequência; o fundamental é uma mudança de atitude diante da imagem, em que sejamos mais capazes de estar abertos ao outro. É isso o que a angústia tenta operar, uma abertura do eu em relação ao inconsciente e à vida. Não se trata de ser capaz de aceitar tudo, muito menos de cumprir com a expectativa do outro, mas é como aceitar o próprio destino.
A angústia é algo que impede o nascimento de uma imagem que tenta vir à luz. Como se a imagem ficasse turva e imperceptível por uma mancha; que cresce na medida em que a imagem se aproxima. Surge quando uma imagem quer se formar mas não consegue; e quando ela finalmente se forma, a angústia desaparece. Tomar consciência da imagem oculta sob a angústia, portanto, envolve permitir seu nascimento, sentir o afeto que carrega, estar com ela e lidar com a responsabilidade ética que ela traz consigo. Permitir o nascimento da imagem depende da aceitação da angústia; de abrir mão da vontade de afastar o mal-estar, assumindo uma postura passiva e receptiva. É preciso abandonar as armas. O eu que aceita torna-se então a terra fértil que pode receber a semente imagética e, o estar com ela é o mesmo que permitir que cresça até se transformar em uma nova atitude que leve em conta o outro rejeitado. Partindo da rejeição, passa pelo suportar, pelo tolerar, até que finalmente nasça uma atitude fraterna. Da ética da exclusão para uma ética da fraternidade imagética. Nesse caminho, transforma-se não somente a imagem e seu afeto, mas também o eu se fortalece através do ganho de flexibilidade. Ampliar a consciência não se refere somente a jogar luz na escuridão, isto é somente uma consequência; o fundamental é uma mudança de atitude diante da imagem, em que sejamos mais capazes de estar abertos ao outro. É isso o que a angústia tenta operar, uma abertura do eu em relação ao inconsciente e à vida. Não se trata de ser capaz de aceitar tudo, muito menos de cumprir com a expectativa do outro, mas é como aceitar o próprio destino.
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