Viver é como estar em um corredor com infinitas portas, onde precisamos encontrar a árvore da verdade. Atrás de cada porta tem uma paisagem perfeita, uma visão de mundo pronta e acabada. Em qualquer uma delas há uma pequena semente da mesma árvore que procuramos. Conforme andamos por este corredor, uma dessas portas nos intriga. Deve estar ali a verdade que tanto procuramos! A ânsia é tanta que quando nos damos conta, já estamos do outro lado, satisfeitos em procurar aquela sementinha. Sem demora a encontramos, e quando finalmente a possuímos, dormimos uma eternidade. Só se acorda quando se sonha com a árvore da verdade; quando ela pede novamente que seja encontrada. Mas é sempre um despertar penoso. O sono nos puxa de volta em seus braços. Quando finalmente conseguimos acordar, nos vemos no vazio do corredor. - Onde está a verdade? Novamente nos perguntamos. E seguimos andando através desse vazio. Até outra porta aparecer reluzente e sermos sugestionados, quase hipnotizados, a possuir aquela pequena semente que, certamente, estará do outro lado. Mas novamente quando a possuímos, caímos no sono. E isso se repete... Ser livre é andar no vazio desse mesmo corredor em que sempre estivemos; abrindo todas as portas, contemplando todas as paisagens, mas sem entrar em nenhuma em particular. Talvez, quando finalmente vivermos isso em cada parte de nossos corpos, despertaremos desse sonho, sob uma árvore chamada verdade.
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