Lama Padma Samten - físico e budista.
O que aconteceu (...), foi eu perceber a grande profundidade do pensamento budista e como ele poderia me levar além dos paradigmas usuais da ciência. Resumindo, me dei conta de que o cientista pode até perceber o fato de que a realidade para a qual ele olha é inseparável da realidade que ele tem dentro, porém, está sempre mais preocupado com a realidade que está fora, porque é assim que ele faz sua busca. Vai sempre olhar o que está fora. Quando me deparei com esta questão do dentro-fora, vi que o espaço interno é muito maior do que o externo. Foi nesse momento que fundei o Centro de Estudos Budistas Bodisatva e propus ao Departamento de Filosofia da UFRGS, e mais tarde ao Departamento de Física, a criação de uma disciplina que tratasse desses elementos ligados à cognição, à compreensão do saber, de como nós sabemos, como nós aprendemos e entendemos, mas especialmente de como nós nos enganamos. Tratando dessas questões, de qual é o erro do cientista, porque os cientistas comprovam experimentalmente suas teorias e mesmo assim elas mudam. É espantoso, porque elas são comprovadas experimentalmente, mas mesmo assim, mudam, não perduram.
Perceba que hoje estamos há 77 anos do surgimento da visão complementar que foi exposta por Niels Bohr na Itália, numa época em que os cientistas mais importantes do mundo cabiam todos em uma única sala. Estavam reunidos ali para resolver como pacificar os fenômenos experimentais com as visões teóricas no que diz respeito à física atômica e à física quântica. A noção complementar do Bohr é uma visão cognitiva filosófica sobre os eventos científicos na qual o observador deixa de ser neutro e passa a ser visto como alguém que interfere de forma muito poderosa na realidade. Isso dito assim pode parecer muito estranho ainda, porque nós temos uma noção de que somos neutros, de que nós apenas olhamos! O fato é que o observador não é neutro porque quando ele olha, tem uma experiência de realidade. Então, a primeira etapa para a compreensão disso é dizer: “em vez de eu ver a realidade, tenho uma experiência de realidade”. Tem uma diferença muito grande entre nós trabalharmos com a noção de realidade externa e termos uma experiência de realidade externa. Essa transição é muito importante para que possamos compreender a física quântica, a ciência, o aspecto cognitivo e também os aspectos mais sofisticados do budismo. O que nós vemos é inseparável das estruturas de expectativas dentro de nós. O que nós vemos fora espelha a paisagem mental que temos dentro. Num sentido budista, é muito importante notarmos isso porque podemos usar a noção de paisagem mental. Assim, construímos uma paisagem mental através da qual nos relacionamos com o mundo. A própria comunicação entre as pessoas só é possível se elas tiverem partes de suas paisagens mentais em superposição, caso contrário elas não se entendem, mesmo que estejam falando português.
Perceba que hoje estamos há 77 anos do surgimento da visão complementar que foi exposta por Niels Bohr na Itália, numa época em que os cientistas mais importantes do mundo cabiam todos em uma única sala. Estavam reunidos ali para resolver como pacificar os fenômenos experimentais com as visões teóricas no que diz respeito à física atômica e à física quântica. A noção complementar do Bohr é uma visão cognitiva filosófica sobre os eventos científicos na qual o observador deixa de ser neutro e passa a ser visto como alguém que interfere de forma muito poderosa na realidade. Isso dito assim pode parecer muito estranho ainda, porque nós temos uma noção de que somos neutros, de que nós apenas olhamos! O fato é que o observador não é neutro porque quando ele olha, tem uma experiência de realidade. Então, a primeira etapa para a compreensão disso é dizer: “em vez de eu ver a realidade, tenho uma experiência de realidade”. Tem uma diferença muito grande entre nós trabalharmos com a noção de realidade externa e termos uma experiência de realidade externa. Essa transição é muito importante para que possamos compreender a física quântica, a ciência, o aspecto cognitivo e também os aspectos mais sofisticados do budismo. O que nós vemos é inseparável das estruturas de expectativas dentro de nós. O que nós vemos fora espelha a paisagem mental que temos dentro. Num sentido budista, é muito importante notarmos isso porque podemos usar a noção de paisagem mental. Assim, construímos uma paisagem mental através da qual nos relacionamos com o mundo. A própria comunicação entre as pessoas só é possível se elas tiverem partes de suas paisagens mentais em superposição, caso contrário elas não se entendem, mesmo que estejam falando português.
* trecho de uma entrevista com o Lama Padma Samten.
** entrevista completa em: http://www.caminhodomeio.org/LamaPadmaSamten/virtual.htm
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