Esse casamento seria a unificação dos componentes separados da personalidade que serveria de contra-peso à dicotomia crescente, ou seja, a dissolução psíquica do homem massificado.
No entanto, é da maior importância que esse processo se realize conscientemente, pois, caso contrário, as consequências psíquicas da massificação se intalariam inevitavelmente. Se a afirmação interior do indivíduo não se realizar conscientemente, ela se dará espontâneamente através do fenômeno que todos conhecemos do endurecimento inimaginável do homem massificado em relação ao seu semelhante. Ele se transforma num animal gregário e desprovido de alma, apenas regido pelo pânico e pela cobiça. Sua alma se perde, uma vez que esta só vive da relação humana. A realização consciente da unificação interior é inseparável da relação humana, que é uma condição indispensável, pois sem um vínculo com o próximo, reconhecido e aceito conscientemente, a síntese da personalidade simplesmente não se faz. De fato, essa realidade em que se realiza a unificação interior, nada tem de pessoal nem pertence ao ego. Ela lhe é hierarquicamente superior, pois como Si-Mesmo, representa uma síntese do eu com o inconsciente suprapessoal. O fortalecimento interior do indivíduo nada, absolutamente nada tem a ver com uma forma em nível superior do endurecimento do homem massificado, nem com uma atitude de isolamento espiritual e de inacessibilidade, por exemplo. Muito pelo contrário, ele inclui o próximo.
Retirado de: Ab-reação, análise dos sonhos, transferência. De C.G. Jung