quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O Paradoxo



O paradoxo repousa em harmonia
No seio de eternidade
Círculo de loucura e sanidade

Quando o conheci pela primeira vez
Fiquei chocado
Vislumbrado e aterrorizado
Lá daquele lado
O chão me foi tirado
Mergulhado na adimensão
Fui jogado por todos os lados

Rodei entre as possibilidades
Vislumbrei as mais diversas verdades
Envolvendo aquela mesma questão
E o querido paradoxo me torturou
Com ar de clareza e confusão

Voltei
Senti-me livre daquela prisão
Embora reconheça
Que permaneço na mesma ilusão
A charada não se resolve com resposta
Mas sim com aceitação

Luís Paulo Lopes

O Acordo do esquecimento


Concebendo a entrega como saída
Me vi numa situação
Em que não há alternativa
Se opto por controlar
O inferno abre sua porta
Se me entrego por completo
Talvez me ofusque
E escolha a ida sem volta

Se me deixo totalmente solto
Mergulho no mar
Do verdadeiro gozo
O paradoxo me eleva
Abre o céu
E me transforma no Todo

Para não cair no abismo profundo
Com o Êxtase firmo um acordo
Daqui não levo nada
Nenhuma pedra de seu tesouro
Permito-me observar
De forma ausente e presente
E tudo que se abre
Fecha-se imediatamente

Levo daqui
Nada além do contentamento
Seus segredos encerraram-se
Naquele mesmo momento
Mas em mim permanece
Algo além do efêmero
A jóia concedida
No acordo do esquecimento

Luís Paulo Lopes