sábado, 22 de novembro de 2014

Histórias de vida ou Vida de narrativas - Milson Santos

Texto de Milson Santos
Contato: mds1000@ig.com.br

Algumas construções Pós Junguianas subvertem a compreensão da história de vida na formação dos Sintomas para uma leitura Arquetípica da personalidade. Relativiza-se, portanto, a pesquisa do passado para se compreender o hoje e aposta-se nos Deuses para compreender a Psique. Vale lembrar que Jung, por exemplo, optava por consagrar a infância e as relações parentais a devida importância. Há diferença teórica e prática entre o "método Hillmaniano" e o "método dialético em Jung".

Em minha clínica observo que as influências familiares da infância tendem a marcar a Psique com alto impacto. Nesse sentido sou mais "Junguiano" que "Hillmaniano". Ponho em cheque o aforisma: não importa tanto o que fizeram com você. Claro que importa!!! Não se trata de vitimizar o Analisando, trata-se de ir onde o Sintoma nos convoca: para alguns o mergulho na infância oferece a possibilidade de transformação, para outros: fuga histérica. Cada caso é um caso, a arte da Análise consiste em ir onde o Sintoma nos convoca e não onde a teoria manda.

Jung deu o devido valor a Freud, é um erro crasso opor a proposta Junguiana a Freudiana. Aliás, em muitas obras, Jung alude ao método Freudiano como o mais indicado para muitos casos. Claro que no decorrer de sua extensa obra, Jung vai se afastando do modelo Freudiano, contudo, vejo pontos de contato importante entre as teorias. 

Uma boa Anamnese é reveladora. As vezes falta um tanto de objetividade aos teóricos das ficções do Inconsciente. Anotações literais podem oferecer rico material para a compreensão do Sintoma. Será que a recusa a quaisquer modelos que "beirem" a medicina clássica não revela uma tola vaidade e esconde uma fantasia de inflação profissional? Será que o apego aos Arquétipos não pode ser mera defesa erudita para evitar lidar com o Aqui-e-agora? Estamos lidando com a Psique ou priorizando status Psíquicos? 

Assevera o dito popular: Nem tanto céu, nem tanto terra . Nem tanto Arquétipo nem tanto passado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei muito do texto, sua linha de reflexão e concordo com o autor. Agradeço a contribuição