Texto de Luís Paulo B. Lopes
As imagens têm importância central para a psicologia junguiana, seriam elas a linguagem que a alma se utiliza para falar de si própria. Jung dá grande importância aos mitos, contos de fada, sonhos e fantasias, por considerar que estas imagens trazem consigo elementos arquetípicos que constituem os fundamentos da alma. James Hillman também nos fala da importância da utilização de imagens metafóricas para pensarmos a alma, pois segundo afirma, os conceitos psicológicos tendem, devido à própria natureza unilateral da linguagem conceitual, a literalizar teorias e engessar nosso entendimento sobre nós mesmos. Jung sempre salientou este risco quando repetidas vezes alertou para a tendência a hipostasiarmos teorias, isto é, a confundirmos nossos conceitos sobre a alma com a alma em si mesma. Para Hillman, é a linguagem metafórica que nos previne de confundir o mapa com o território, pois a ambiguidade implícita da metáfora impede a unilateralidade conceitual e a consequente literalização.
Hillman considera a metáfora como a coniunctio falada, isto é, engloba os opostos em uma unidade paradoxal. Este pensamento está de acordo com o que pensava Jung quando afirmava que o símbolo é a união dos opostos, isto é, irremediavelmente ambíguo, e que a postura simbólica é o que permite a abertura do indivíduo ao mistério no trato com a imagem. Ao contrário da postura simbólica, a postura semiótica, segundo Jung seria responsável por definir correspondências estáticas entre imagens e significados definidos, algo extremamente semelhante ao problema da literalização proposto por Hillman. O cuidado em discernir postura simbólica de postura semiótica, por Jung, nos adverte de que mesmo quando utilizamos uma linguagem imagética, não estamos necessariamente trabalhando de maneira simbólica. E que nossa postura diante das imagens é de fundamental importância para que mantenhamos a ambiguidade do símbolo viva, e assim a possibilidade de abertura para o desconhecido.